No início de mês de agosto escrevi
a primeira parte deste artigo, QUAL o
SENTIDO da MUDANÇA? No intervalo entre o anterior e este, dois fatos
novos ocorreram.
O primeiro, imponderável, foi o
falecimento de Eduardo Campos e a obvia substituição por Marina Silva para
disputa presidencial. A consequência foi à rápida ascensão do PSB, que estava
na terceira posição, distante do PSDB (segundo colocado), para empate técnico,
provocando uma mudança no estável quadro de polarização PT x PSDB.
O segundo fato, foi o início da
campanha na televisão e no rádio. As consequências ainda não foram divulgadas,
pelo menos até a publicação deste artigo. Antes da morte de Eduardo a
expectativa era que o programa tv aumentasse a vantagem de Dilma para Aécio e a
as projeções para os outros candidatos, somadas, não garantissem o segundo turno.
Com a alteração abrupta do quadro, todos aguardam as próximas pesquisas para
saber se o segundo turno é certo e se alterou a colocação entre Marina e Aécio.
Enquanto as pesquisas não são
publicadas para confirmar ou apontar novas tendências, retomemos o debate sobre
o tema central de 2013 até os dias atuais, o sentido da mudança.
Nunca antes na história das
eleições da república brasileira a palavra MUDANÇA teve tamanha
importância e densidade como nestas eleições de 2014. Vejamos:
Em junho de 2013, milhões foram
às ruas externalizar suas indignações, ainda que de forma difusa e horizontal.
Até hoje este acontecimento provoca diferentes reações e análises sobre suas
causas e conseqüências, mas já é possível indicar mudanças
significativas que se expressaram nas ferramentas utilizadas para mobilizar as
manifestações, na condução dos atos, nas organizações que dirigiram os atos,
nos novos grupos que surgiram nas manifestações, no uso deliberado da violência
por determinados grupos do movimento e a pergunta que não quer calar: qual a
capacidade desse movimento promover mudanças nas eleições de
2014?
Antes se faz necessário
estabelecer um diferencial com as opiniões e ou elaborações sobre as motivações
das mobilizações de 2013. Não pactuo com as teses conspiratórias, muito menos as
de que o conteúdo das passeatas era contra a Dilma. Uma coisa é o que
representa o povo na rua, isto será desenvolvido na continuidade deste artigo,
outra coisa é a ação dos meios de comunicação.
Não é novidade para ninguém que
os grandes meios de comunicação de massa cumprem papel na luta política e ideológica
e constituem uma força própria no jogo de poder. As perguntas a serem respondidas
sempre serão: a serviço de quem, do que e de qual projeto?
Em nosso país é inequívoco o lado
que os meios de comunicação assumiram nos últimos 12 anos, assim como, no último
ano se colocou como o porta voz das mudanças “necessárias”.
Para isso não mediu esforços no desgaste da imagem do governo LULA e do governo
Dilma, com a finalidade de derrotar a mesma e eleger alguém alinhado(a) a sua
ideologia política, econômica e social.
Afim de ajudar nesse objetivo,
apoiaram, disputaram ideologicamente as manifestações e de forma indireta
incentivaram o uso da violência, buscando criar um ambiente de instabilidade
política para desgastar Dilma e seus aliados. Caso exista dúvida sobre isso
basta comparar a cobertura e as edições sobre as manifestações em São Paulo e no Rio de
Janeiro, a diferença era gritante. Só depois da morte de um profissional da
imprensa que os grandes meios de comunicação de massa mudaram sua posição no
que diz respeito ao uso da violência por manifestantes. Continua...