São muitas e vou, na medida do
possível, escrevendo e publicando. A primeira reflexão que faço é sobre o papel
do PMDB neste episódio.
Este partido que outrora era
denominado MDB, que lutou contra a ditadura, mobilizou pelas diretas, que
conduziu a assembleia nacional constituinte, ou seja, um dos pilares do
processo de redemocratização, hoje é o partido que conspirou contra a
constituição, derrubou um governo eleito, aplicou um golpe civil institucional
e conduz pela terceira vez, na historia politica brasileira, uma pessoa ao
cargo máximo da república de forma indireta. Sarney assumiu em função da morte
de Tancredo Neves, Itamar Franco pelo impeachment legal e legitimo de Fernando
Collor e agora pelo golpe civil institucional contra Dilma Rousseff, assume
Michel Temer.
Esta trajetória por si só já é
indício suficiente para analisar com mais profundidade está agremiação. Trago a
luz outra constatação da postura que o PMDB assumiu durante o ciclo de
desenvolvimento progressista, iniciado por LULA, continuado por Dilma, e por
hora interrompido. Durante esses 13 anos de gestão do PT, o PMDB como base do
governo se comportou como guardião das medidas neoliberais aprovadas no período
FHC, não deixou que uma virgula desse esqueleto privatista fosse alterado. Além
disso, é muito importante lembrar que todas as propostas de reforma
encaminhadas ao parlamento, o PMDB foi o primeiro a barrar. Basta lembrar o
tema reforma politica. Quem barrou o plebiscito? Quem obstruiu o andamento das
propostas? Alguns dirão que foi o PSDB, mas é importante lembrar que foi o PMDB
que barrou está, entre outras.
Para concluir está primeira
reflexão, vale lembrar que Michel Temer, conspirador mor para derrubar Dilma
Rousseff, foi vice de FHC e articulou para aprovar e executar a cartilha
neoliberal em nosso país. Saudoso desse tempo, no final do ano passado elabora
um programa, aprova na convenção nacional do PMDB e o batiza de “Ponte para o
Futuro”, que na verdade é a retomada da agenda neoliberal e indica o rompimento
com PT.
É bom dizer que a oposição não aprovaria o
impeachment sem o apoio do PMDB. É verdade que a oposição capitaneada pelo PSDB
decidiu inviabilizar o governo de todos os jeitos e de todas as formas, mas
volto a afirmar, sem o PMDB eles não conseguiriam. Existiram erros do PT, e
serão motivos de minhas reflexões também, mas não são eles responsáveis pela
traição cometida pelo PMDB. Isso é argumento daqueles que ainda possuem uma vã
esperança de pescar dissidentes nesse lago já apodrecido. Os que lá ainda persistem, o seja, os
autênticos ou os verdadeiros democratas, precisam buscar novos rumos. O ciclo
da redemocratização termina de forma melancólica para o PMDB. O partido da luta
pela democracia, hoje é uma organização golpista e acaba de registrar na
historia o maior ato de traição depois de Joaquim Silvério dos Reis.
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